Cartões, bombons e acessórios são algumas sugestões de presentes divididos hoje entre os casais para comemorar o dia dos namorados. Histórias de amor e companheirismo marcam a união de muitas pessoas em todas as nacionalidades pelo mundo afora. Mas, além destas, é possível encontrar narrativas da vida de detentos que mesmo separados com as grades de uma cela renovam o sentimento de afeto pela pessoa amada e que não deixam passar a data em branco. O Imparcial conheceu alguns apaixonados que demonstram que o amor supera todas as dificuldades.
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A presidiária é noiva e o companheiro também está presos. Apesar das restrições, o casal vai se casar |
Segundo o diretor do presídio, Cerejo, as visitas ocorrem em dias alternados para cada pavilhão, são seis ao todo. Os familiares permanecem no local no horário das 8h às 11h ou das 13h às 15h, sendo o tempo médio para cada grupo. Já as visitas íntimas duram em média 2h e são realizadas em um local específico chamado de Pavilhão do Amor, que está passando por uma reforma para melhorar a estrutura física para atender os detentos e suas companhias. “A população carcerária é muito carente e os internos aguardam sempre com ansiedade os encontros”, afirmou.
A assistente social, que atua há 25 anos no complexo prisional, Marilene Silva, revela que o objetivo dessas visitas é para “não quebrar o elo afetivo do detento com a família enquanto ele vai cumprir a sentença”, explicou. Ela informou que na unidade existe uma igreja e casamentos já foram realizados no local. Enfatizou ainda que o espaço é bastante respeitado por todos, mesmo durante as rebeliões, pois os internos a vêem como um importante refúgio religioso. A assistente explica que nas duas primeiras semanas, o detento coloca o nome de quem fará a visita social, seja mãe, esposa, irmã, provisoriamente para os sábados ou domingos. Após esse prazo a companheira informada precisa levar os documentos pessoais juntamente com a certidão de casamento ou comprovante de união estável para realizar o cadastro e ter direito a visita íntima. Se for só namorada é necessário ir ao cartório e declarar união estável com o interno.
As relações observadas dentro de Pedrinhas são na maioria de casais que estão juntos há muitos anos. Em agosto está previsto um casamento de dois detentos em um Fórum da cidade. D.R está presa há dois anos e 9 meses. Seu noivo está detido há cinco meses. Ele foi preso quando esteve no presídio para visitá-la, pois tinha um mandato de prisão em seu nome. Juntos há 11 anos, agora esperam a união por meio do enlace matrimonial para que possam ter direito a visita íntima. Ela conta que conheceu R.F em uma festa de forró e se encantou a primeira vista. Dentre idas e vindas do relacionamento, atualmente eles se falam somente por meio de cartas. “Eu escrevo que estou com saudade, que gosto muito, que a gente combina e devemos lutar para vencermos na vida unidos”. Sempre com um sorriso no rosto ela declara que “o amor supera as dificuldades e ele é um guerreiro, é meu guerreiro. Nós não vamos perder o sonho de se casar”, desabafou emocionada.
Preso há cinco anos, um interno contou que sua companheira sempre esteve ao seu lado presente na visita e que mesmo após a gestação, ela sempre fez um esforço para estar perto dele. “É muito importante ter alguém para nos dar apoio aqui. Ela nunca falhou uma visita. Eu não deixo o dia dos namorados passar em branco e nem ela. Agente sempre troca presentes”, sinalizou.
A diretora da penitenciária feminina, Ana Silva, ressaltou que há uma diferença no presídio masculino quando ao assunto é visita às detentas. De acordo com ela, os companheiros são em números bem reduzidos durante os dias de encontros. “Os homens não possuem os vínculos que as mulheres têm. Elas são mais famílias, estão mais presentes quando os seus companheiros são detentos do que eles”, concluiu.
Do Imparcial